A Associação Europeia para o Estudo do Fígado (EASL) divulgou, em abril, novas diretrizes para os tratamentos mais modernos da hepatite C. Aprovadas em tempo recorde, a medida surgiu devido ao impacto que os novos antivirais que estão entrando no mercado terão na vida de milhões de portadores do vírus.

Há preocupação, no entanto, com a possibilidade de repetir o que ocorreu com o tratamento do vírus HIV na década de 1990, quando novas drogas, mais potentes e combinadas, mudaram os rumos das pesquisas. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os novos remédios podem transformar o combate da infecção pelo vírus da hepatite C, que acomete cerca de 160 milhões de pessoas no mundo, com quase 4 milhões de casos novos e até 500 mil mortes por ano.

Recentes pesquisas revelaram que os novos antivirais potencializam a chance de eliminação do vírus (leia mais). Terapias exclusivamente orais, feitas por apenas três meses, combinando novos e potentes antivirais – sem uso de interferon injetável – podem ter de 90% a 100% de eficácia, quase sem efeitos colaterais. Mesmo em casos mais complicados, como pacientes de cirrose, a eliminação do vírus alcançou 92% de eficácia.

O empecilho, agora, é o alto preço dos novos medicamentos (saiba mais), que inicialmente deve ser custeado por sistemas públicos. Os especialistas ressaltam que é possível erradicar o vírus da hepatite C com três meses de terapia, mas pela variabilidade genética do vírus, é improvável que uma nova vacina surja nos próximos anos.

O vírus da hepatite C é adquirido basicamente pelo contato com sangue contaminado (transfusão, transplantes, agulhas compartilhadas, etc) ou via sexual. Depois da infecção, 15% a 25% das pessoas eliminam o vírus por conta própria e 75% a 85% vão se tornar portadores crônicos do vírus, sem ter nenhum sintoma por até 20 ou 30 anos. No entanto, um quarto desses portadores vão evoluir para cirrose e falência hepática e muitos deles vão desenvolver câncer de fígado.

O último Boletim Epidemiológico das Hepatites Virais (2012), do Ministério da Saúde, mostra que quase 1,5% dos brasileiros (três milhões) podem estar infectados pelo vírus da hepatite C, sendo que 75% do total se encontram na região Sudeste. A quantidade é cerca de três vezes mais do que o número de infectados pelo HIV no País.