Estatísticas e Análises | 20 de julho de 2016

10 fatores de risco potencialmente modificáveis associados a 90% dos AVCs

Grande maioria dos derrames cerebrais são evitáveis
10 fatores de risco potencialmente modificáveis associados a 90 porcento dos AVCs

Um estudo publicado no periódico The Lancet, buscou quantificar a importância dos fatores de risco potencialmente modificáveis para o acidente vascular cerebral (AVC), uma das principais causas de morte e incapacidade, em diferentes regiões do mundo.

Chamada Interstroke, a investigação liderada por Martin O’Donnell e Salim Yusuf, do Instituto de Pesquisas de Saúde Populacional da Universidade McMaster (Canadá) afirma que dez dos maiores fatores de risco modificáveis respondem por mais de 90% dos episódios de AVC, com algumas pequenas variações regionais. Entre eles estão hipertensão, tabagismo, consumo de álcool, qualidade da dieta e sedentarismo.

“Este estudo tem tamanho e abrangência para explorar os fatores de risco dos derrames nas principais regiões do mundo e dentro de populações chave”, declarou O’Donnell. Segundo o especialista, estes fatores de risco modificáveis “estão associados com 90% dos casos de derrame em todas as regiões, nos mais jovens e nos mais velhos e em homens e mulheres. O estudo também confirma que a hipertensão é o mais importante fator de risco modificável em todas as regiões e deve ser o principal alvo para reduzir o fardo global dos derrames”.

Entre janeiro de 2007 e agosto de 2015, 26.919 participantes foram selecionados em 32 países da Europa, Ásia, Américas (incluindo o Brasil), África e Austrália. Os voluntários foram recrutados em 32 países Os pesquisadores analisaram dados sobre a saúde de mais de 26 mil pessoas, sendo aproximadamente metade vítima de derrames (13.447 casos, sendo 10.388 acidente vascular cerebral isquêmico e 3.059 hemorragia intracerebral) e outra metade de pessoas (13.472) saudáveis com idade e gênero equivalentes, que serviram como grupo de controle.

Se a hipertensão fosse eliminada, o número de derrames poderia cair quase pela metade (48%). A prática regular de exercícios cortaria os casos em mais de um terço (36%), e dietas mais saudáveis reduziriam os episódios em 19%. O tabagismo é fator que, se eliminado, poderia reduzir em 12% o risco, um melhor controle das condições cardíacas reduziria as chances em 9%, e 6% podem ser atribuídos ao consumo não moderado de álcool e ao estresse. O controle do diabetes diminuiria em 4% os riscos de AVC, e em 27% com a redução dos níveis de gordura no sangue (o estudo usou como previsor do risco de derrames as chamadas apolipoproteínas, consideradas mais relevantes para o desencadeamento dos episódios do que o colesterol).

“Nossas descobertas vão guiar o desenvolvimento de intervenções globais de nível populacional para reduzir os casos de derrame”, diz Salim Yusuf. Os programas, aponta o cientista, devem ser elaborados de acordo com cada região individualmente. “Isto inclui melhor educação para a saúde, alimentos saudáveis mais acessíveis, evitar o tabagismo e melhor acesso a medicações para a hipertensão e a dislipidemia”.

Muitos fatores costumam estar associados a outros (obesidade e diabetes, por exemplo). Em conjunto, esses fatores de risco foram responsáveis por 90,7% dos riscos atribuíveis à população para todos os AVCs no mundo (91,5% para AVC isquêmico e 87,1% para hemorragia intracerebral) e foram consistentes em todas as regiões (variando de 82,7% na África a 97,4% no sudeste da Ásia), sexo (90,6% nos homens e nas mulheres) e faixas etárias (92,2% em pacientes com 55 anos ou mais e 90,0% em pacientes com idade inferior a 55 anos). A hipertensão foi mais associada à hemorragia intracerebral do que aos AVCs isquêmicos, enquanto tabagismo, diabetes, apolipoproteínas e doenças cardíacas foram mais associadas aos acidentes vasculares cerebrais isquêmicos.

Em comentário sobre o estudo, também publicado no Lancet, as pesquisadoras neozelandesas Valery L. Feigin e Rita Krishnamurthi, do Instituto Nacional para Derrames e Neurociências Aplicadas da Universidade de Tecnologia de Auckland, ressaltaram que os resultados mostram que os AVCs são uma doença altamente evitável, independente do sexo e idade, e que a relativa importância dos fatores de risco modificáveis indica que é preciso desenvolver programas de prevenção primária regionais ou específicos para cada etnia. No entanto, elas admitem a necessidade de mais estudos que incluam países e grupo étnicos não contemplados no Interstroke. “É o momento de governos, organizações de saúde e indivíduos tomarem atitudes pró-ativas para reduzir o fardo global dos derrames. Governos de todos países devem desenvolver e implementar um plano de ação de emergência para a prevenção primária dos derrames”, alertam.

10 fatores potencialmente modificáveis

1. Hipertensão. Força o sangue contra as paredes das artérias de uma forma que provoca uma pressão incapacitante. Segundo o estudo, tratar ou controlar a hipertensão nos pacientes pode reduzir o risco destes sofrerem um AVC em 48%.

2. Exercício físico. O Interstroke indica que se as pessoas forem fisicamente mais ativas o risco de AVC diminuiria em cerca de 36%.

3. Dieta. Uma alimentação saudável pode reduzir o risco de AVC em 19%.

4. Obesidade. Pode ter um efeito devastador para a saúde do coração.

5. Fumar. Abandonar o cigarro pode reduzir o risco de AVC em 12%

6. Problemas Cardiovasculares. Um coração saudável reduz o risco de um AVC em cerca de 90%.

7. Diabetes. Diabéticos tendem a desenvolver coágulos no sangue, uma das principais causas de AVC.

8. Bebidas alcoólicas. O consumo excessivo de álcool provoca o aumento da tensão arterial, ao longo do tempo – outra das principais causas de AVC.

9. Estresse. Assim como a depressão, é um dos principais causadores de AVC.

10.Colesterol. Os níveis elevados de colesterol tendem a bloquear as artérias, restringindo o fluxo de sangue para o coração. O que pode originar um AVC.

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